quinta-feira, 21 de abril de 2011

Para fazer o Franco, tive que desaprender a ser pai", diz Luciano Szafir sobre "Rebelde"


Divulgação/Record
Luciano Szafir, de 42 anos, diz que teve que esquecer o lado bom da paternidade para fazer o Franco, seu personagem em "Rebelde". Pai de Sasha, fruto de seu relacionamento de 16 anos com a apresentadora Xuxa Meneghel, o ator pode ser visto na novela da Record na pele de um homem que liga pouco para os sentimentos da filha e procura compensar sua ausência com dinheiro. "Tive que desaprender a ser pai", conta ele, em uma entrevista exclusiva ao portal UOL na academia onde treina, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.   
Na vida real, Szafir é do tipo que não perde as apresentações de balé da filha, tem todos os telefones dos amigos dela gravados em seu celular e sempre torce pelo time em que Sasha está jogando nas partidas de vôlei. Além de torcer, ele fotografa todos os lances. "Tirei fotos do time inteiro. Tenho mais de 500 fotos, mas vou jogar fora uma parte porque não ficou bom. Eu fazia as fotos, mas não queria perder o jogo. [risos]. Mas cheguei a pegar fotos boas, na rede. Vou fazer uns dez CDs com as melhores imagens e dar para a molecada", contou.
Na entrevista a seguir, Luciano fala sobre como é namorar à distância, já que atualmente mantém um relacionamento com a estudante americana Julia Rusatsky, de 21 anos, sua maior rebeldia, o medo da instabilidade da carreira de ator e também sobre planos futuros, como ter mais filhos.
UOL - Você é do tipo de pai que tem todos os telefones dos pais das amigas da Sasha?Luciano Szafir - Sim. E tenho das amigas também. Mas não fico ligando. Só quando tem necessidade. É mais para segurança.
UOL - Esses dias saiu uma foto linda da Xuxa com a Sasha em um shopping do Rio de Janeiro. Ela está esguia, quase do tamanho da mãe. Você vai ter ciúme do namorado dela?Luciano Sazfir -  De qual deles você está falando? Do que tem olho roxo ou do banguela? [risos]
UOL - Nossa!Luciano Szafir - É brincadeira. Não sou ciumento não. A gente cria os filhos para a vida. Não adianta ter ciúmes.
UOL - Você impõe limites?
Luciano Szafir - Os limites têm que ser relacionados à segurança. As coisas eram mais fáceis na minha época de adolescente. Lembro que a gente tinha um apartamento no Guarujá e ficava com meus amigos até tarde na rua. A gente ia pescar siri... Hoje é mais complicado. É tudo mais violento. É outro mundo. Os adolescentes hoje têm muito mais acesso à informação por conta da Internet. Por um lado, é bom, porque ficam mais espertos. Só que chegam à maturidade mais rápido também.
UOL - Pensa em ter mais filhos?
Luciano Szafir - Gostaria sim. Como sou de uma família grande... Acho que é por isso. Uma das minhas melhores memórias da infância era nós seis sentados à mesa para almoçar. Somos quatro irmãos, mais minha mãe e meu pai. Era um contando a vida do outro, um provocando o outro. Às vezes dava briga. Era muito chato ter que almoçar junto. Era uma coisa imposta pelo meu pai. Hoje me deixa saudades. Vejo como são importantes certos hábitos familiares.
UOL- Você e a Xuxa ficaram juntos por 16 anos entre idas e vindas. Não pensaram em outros filhos?
Luciano Szafir - Não. 
UOL - Na época do nascimento da Sasha, houve boatos de que ela seria fruto de uma inseminação artificial. Como você reagiu?
Luciano Szafir - Isso já tem 13 anos porque os boatos começaram antes do nascimento dela. Na época, fiquei extremamente irritado, claro. Ainda bem que não encontrei uns dois ou três porque, provavelmente eu ia acabar preso.
UOL - Dois ou três colegas seus?
Luciano Szafir - Não! Colegas seus! Jornalistas. E fora a galera do jiu-jitsu que eu tive que segurar, porque os caras queriam quebrar um monte de gente.
UOL - Em "Rebelde", Franco tem uma filha, Alice, feita pela Sophia Abrahão, mas não liga muito para ela. Você conhece pais assim?
Luciano Szafir - Não conheço pais como o Franco. Os meus amigos são todos ligados aos filhos. A situação do meu personagem é um pouco mais complicada porque ele perdeu a mulher no parto. Mas eu acho que existe um amor entre pai e filha, só que ele não sabe trabalhar muito bem isso.                                                                                       
UOL - Como pai, que conselho você daria para o Franco?
Luciano Szafir - Pare de trabalhar um pouco e dê mais atenção para a sua filha. Mais amor.
UOL - Franco é avesso à imprensa e você também não é um habitué das revistas de celebridades. Este seria o ponto comum entre o ator e o personagem?
Luciano Szafir - Esse é uma das semelhanças. Mas ele é mais avesso do que eu. O que é muito louco porque ele trabalha com moda, precisa de divulgação. Quando a gente vai divulgar um trabalho, é bom falar. Aí, a gente faz. Franco é workaholic. Eu também sou, mas nem tanto. Já fui mais. Somos muito frágeis e temos que ter os valores reais, como estar perto da família e de quem amamos. Dinheiro a gente pode ter hoje e perder amanhã.
UOL - O que te fez mudar?
Luciano Szafir - Houve dois percalços da minha vida. Foram os piores momentos que já vivi. Tive uma arma apontada para a minha cabeça quando visitava o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro [em março de 2003]. Estava com duas amigas americanas, que eram diretoras. A notícia saiu no "The New York Times" e em mais três jornais americanos. Todos falando mal do Brasil. O outro foi o incêndio no apartamento [em que ele morava com Xuxa, em São Conrado, no final de 2008].  O apartamento chegou a 600 graus. Só a fumaça já queimava. Entrar na fumaça era como se estivesse colocando a mão no fogo. Eu estava editando um vídeo no andar de cima e aquele dia era aniversário da babá. Quando perceberam o fogo, não dava mais para subir e as pessoas ficavam me ligando. Eu achava que era para cantar parabéns e não atendia porque estava um pouco longe do telefone. Pensava: daqui a pouco eu vou descer porque já estava acabando o vídeo e estava aprendendo a editar, concentrado mesmo. Aí, quando peguei o telefone, o fogo já estava alto demais. Minha preocupação maior foi saber se minha filha já tinha descido. E a Sá tinha saído com a babá. A Xuxa ainda estava me aguardando e eu falei para ela: "Desce que eu não estou conseguindo sair não". Lembro que dava dois ou três passos. Tentei atravessar a fumaça umas três ou quatro vezes e não consegui. Parecia que estava ali há uma eternidade. Aí saí correndo e pulei, dei um rolamento de jiu-jítsu. Caí do lado do fogo e pulei pro lado. Cheguei com a capacidade respiratória muito próxima ao extremo. Para ir ao banheiro, que estava a cinco metros de distância, eu parava quatro vezes para respirar. Fiquei durante quase um ano expulsando bolinhas pretas do meu pulmão de manhã.
UOL - Na sua juventude, você disse que ia passar uma semana em Nova York, mas acabou ficando um ano no exterior. Essa foi a sua maior rebeldia?
Luciano Szafir - Com certeza essa foi a maior rebeldia que eu fiz. Falei que ia passar uma semana. Mas já estava tudo armado. Meus irmãos já sabiam que eu ia ficar um ano. Fui pensando antes nessa viagem. Peguei as melhores coisas que eu tinha. Levei uma mala enorme, com muito mais coisas do que para passar somente sete dias.
UOL - Como seu pai reagiu?
Luciano Szafir - Lembro que meu pai falou comigo uma vez durante o ano inteiro. Ele atendeu justamente na única vez em que liguei a cobrar. Era aniversário da minha irmã mais velha e não existia celular na época. O engraçado é que ele nunca atende o telefone. Quando descobriu que era eu do outro lado da linha ele falou que ia aceitar só daquela vez a ligação. Ele disse: "Eu estou mandando você voltar". Eu respondi: "Estou dizendo que estou te desobedecendo". Ele me perguntou: "Quanto de dinheiro você tem no bolso?". Disse que tinha levado 200 dólares. E ele: "quero ver você sobreviver só com esse dinheiro". Na época, eu já trabalhava como modelo e fazia duas boas campanhas por ano. Só que o cachê ficava com ele. E ele disse que não ia me mandar. Mas em uma semana, fechei com a Calvin Klein e ficou tudo certo.
UOL - E se a Sasha fizesse exatamente a mesma coisa hoje?
Luciano Szafir - Ah! Meu Deus do céu, não fala isso não. [risos] Mas acho que isso jamais aconteceria. Agora é outra geração. Eu não tinha muita conversa com meus pais como a minha filha tem comigo e com a Xu. Naquela época não existia conversa e meu pai era muito conservador. Comecei a trabalhar com ele aos 13 anos. Eu era o filho mais velho numa família conservadora, judia... Ele esperava que eu continuasse trabalhando com ele.
UOL - Como seu pai te recebeu quando você voltou ao Brasil?
Luciano Szafir - Fui bem recebido. Ele estava com saudade e eu também. A gente foi muito ligado. Foi muito difícil morar sozinho. Aos 20 anos, estava viajando pelos melhores lugares do mundo, conhecendo uma quantidade absurda de mulher bonita. Me chamavam muito para trabalhos que eram voltados para as mulheres. Pra mim, era um paraíso. Eu ia pra Ibiza e para a Tailândia com mulheres maravilhosas ao meu lado. Estava ganhando bem, num paraíso, com as mulheres mais lindas do mundo. Tinha 20 anos. Qualquer moleque gostaria de estar no meu lugar.
UOL - Mas você ficava com elas?
Luciano Szafir -  Eu era adolescente. Sempre rolava alguma coisa. É da idade, né? No final, eu ficava mais namorando. Morei em Nova York, namorei uma menina lá durante uns meses. Fui mais de namorar do que de ficar como uma barata tonta entre uma e outra. Mas, claro, tive essa fase também.
UOL - Hoje você namora uma americana. Namorar à distância é bom ou ruim?
Luciano Szafir - Acho mais difícil quando a namorada mora longe porque dá mais saudade.
UOL - Logo no início do namoro vocês dois foram fotografados juntos em Fernando de Noronha. Isso te incomodou?
Luciano Szafir - Não me incomodou porque eu já estava apaixonado. Mas confesso que tomei um susto quando eu vi as fotos. O único paparazzo até hoje que eu não percebi foi o de Fernando de Noronha.
UOL - Sério?
Luciano Szafir - Fui descobrir no sexto dia porque duas meninas me disseram que tinha um cara me seguindo. Uma vez, em uma das praias, estava ensinando Julia a surfar e achei que era o cara que tinham me avisado no dia anterior. Mas não saiu foto dali. Então, não era ele. Era um turista qualquer. Sou macaco velho. Fiquei 16 anos com a Xuxa e aprendi muitos macetes tanto com ela quanto com os seguranças. Claro, se o fotógrafo for bom, a gente não vai ver. E foi o que aconteceu em Noronha.
UOL - Como é a sua relação com os paparazzi?
Luciano Szafir - Não me incomoda em nada. Na minha opinião, oitenta por cento deles são avisados pela própria pessoa, pelo acompanhante ou pelo empresário. Ou então o cara quer aparecer e vai para aquele determinado restaurante japonês, aquele cinema... Olha o tamanho do Rio de Janeiro, gente!
UOL - Você deixa de ir a algum lugar por causa dos papparazzi?
Luciano Szafir - Se eu estou com vontade de ir ao lugar mais frequentado, eu vou. Se estiver com uma pessoa com quem eu não esteja com vontade de aparecer naquele momento, eu evito.
UOL - Você gosta de fotografar também, não é?
Luciano Szafir - Eu sempre fui muito curioso. Como a gente passava horas no estúdio [gravando os programas da Xuxa], fiquei amigos dos fotógrafos. Eu ficava fascinado. Ele me ensinavam sobre luz, velocidade, mas estou longe de ser um profissional. É um hobby.  Adoro fotografia. Se tivesse tempo, faria um curso. Porque você vai deixando de fotografar, vai esquecendo. Pelo menos comigo é assim [risos]. Comecei a fotografar mais depois que a Sassá nasceu.
UOL- Além de "Rebelde", você também pode ser visto em  "O Clone", que está sendo reprisada na Globo. Você se assiste?
Luciano Szafir - Eu não tenho visto porque nunca estou em casa nesse horário. De vez em quando eu dou uma olhada porque tenho todo o meu material gravado. Vejo os amigos, colegas de muitos anos atrás e me divirto. Na época em que a novela foi exibida, em 2001, o Zein foi muito elogiado. Estava trabalhando com a diretora de teatro Mona Lazar, a quem eu devo muito. Houve um concurso no programa do Faustão e a maioria das pessoas que votou gostaria que Jade [Giovanna Antonelli] terminasse com o Zein. Mais do que com um dos gêmeos [Murilo Benício] ou com o Said [Dalton Vigh]. Isso me causou problema na novela na época.
UOL - Que tipo de problema? Ciúme entre os colegas de elenco?
Luciano Szafir - Vamos pular essa parte. Eu não era o protagonista e não era para ter acontecido o que aconteceu. A história tinha que seguir o seu rumo. Eu não questionei nada e continuei fazendo o meu trabalho. Mas a partir daquela votação, eu passei a gravar menos. Minha participação diminuiu.
UOL - Você gostaria que o Zein tivesse terminado com a Jade?
Luciano Szafir - Não. Era previsto para ela terminar com o personagem do Murilo [Benício]. A ideia da autora [Gloria Perez] foi muito bem criada. Tudo era tão bem escrito. O romance era tão bonito que tinha que ter continuado daquele jeito.
UOL - Com quem você mais gostou de contracenar na sua carreira de ator?
Luciano Szafir - Adorei trabalhar com a Vanessa Gerbelli em "Amor e Intrigas" [2007]. Ela é um doce de pessoa e uma excelente atriz. Tive muita sorte. Também teve a Glorinha [Pires], com quem trabalhei em "Anjo Mau" [1997]. Foi a minha estreia na TV. Mas foi com a Sasha no filme "O Mistério de Feiurinha", que me realizei. Quando o convite surgiu, eu disse: "Ok, Xu, mas eu quero contracenar com a Sá". E ela disse: "Então você faz o pai dela". E eu acabei fazendo os dois papéis. O bacana é que as crianças não notam. Elas me dizem que eu era o príncipe. Mas eu conto que eu estava usando uma peruca e também era o pai da Feiurinha.
UOL - Quantas vezes você já viu esse filme?
Luciano Szafir - Passei um ano nos Estados Unidos depois de emendar três novelas na Record ["Vidas Opostas", "Amor e Intrigas" e "Promessas de Amor"]. Na verdade, indo e vindo. Já revi minha cena com a Sá pelo menos umas 70 vezes para matar a saudade. Adoro a que a gente briga com as bruxas e se reencontra. Tinha essa cena gravada no meu celular e mostrava para todo mundo. Ficava igual a um bobão. E fico até hoje.
UOL - Esse tempo que você passou nos Estados Unidos aproveitou para estudar?
Luciano Szafir - Durante sete meses eu fiz aulas com um ator chamado Jeff Tambor. Aprendi fazendo teatro porque eu comecei fazendo "Anjo Mau" e não parei mais. Estudei na Oficina de Atores da Globo. Tínhamos oito horas diárias de aula de corpo, dança, mitologia... E agora, na Record. Fui aprendendo com excelentes atores e grandes diretores. Tive uma diretora de teatro chamada Mona Lazar e fizemos algumas peças juntos. Foi uma grande professora.
UOL - Falando em teatro, você encenou a "Paixão de Cristo" nove vezes.
Luciano Szafir - Fui Jesus seis vezes. Comecei como Pilatos e vou fazer Pilatos de novo este ano em Floriano, no Piauí. É maravilhoso fazer uma peça de cunho religioso porque a troca de energia é muito forte.Quando o público é fraco, são cinco mil pessoas te assistindo. E já encenei até para 100 mil pessoas. E fazendo Jesus, a gente recebe uma energia maravilhosa. É uma sensação diferente.
UOL - Mesmo sendo judeu?
Luciano Szafir - Como judeu, eu respeito todas as religiões. Todas pregam o bem e a família. O que estraga são os extremistas. Me emocionei muito fazendo Jesus Cristo. Lembro de uma cena em que fiz com a Cristiana Oliveira em que ela era Maria. A cruz era grande. Ela esticava a mão e uma gota do sangue de Jesus caía na mão dela. Eu tenho essa cena no meu celular. Pense fora da religião: uma mãe que vê um filho todo estourado numa cruz e ainda cai uma gota de sangue dele na mão dela. É muito forte.
UOL - Como está o Luciano Szafir empresário?
Luciano Szafir - Hoje, praticamente não existe. Tenho alguns projetos, sim, mas ainda estão no papel. A vida do ator é muito instável e eu gosto de estabilidade. Não faço exageros nem preciso de muita coisa para viver, mas quero ter uma certa estabilidade. Quando você tem uma filha, por mais que a mãe dela tenha condições de criá-la, eu acho necessário que o pai tenha um emprego. Tenho um excelente contrato com a Record, por pelo menos mais quatro anos. Mas todo mundo sabe que a vida de ator não traz estabilidade.
UOL -Por falar em Xuxa, como é sua relação com ela atualmente?
Luciano Szafir - É boa. Mas, desculpa, não quero puxar a entrevista para esse lado.
UOL - Você viu a estreia do programa da Xuxa no sábado à tarde?
Luciano Szafir - Não vi. Não foi por nada não. Só que não vi. Quando foi?
UOL - No dia 9 de abril.
Luciano Szafir - Eu não vi. Onde é que eu estava nesse sábado? Gravando, eu acho. Ou então estava com a Sasha. Não lembro, mas não vi.

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